
A classe média brasileira tem um potencial de consumo de R$ 1 trilhão por ano, valor equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) de Argentina, Portugal, Uruguai e Paraguai somados. O resultado é de uma pesquisa realizada pelo instituto Data Popular e que traçou um perfil da nova classe média do país.
O estudo ouviu 18 mil pessoas em 26 estados e está sendo apresentado nesta segunda-feira (8) durante um fórum que acontece em Brasília e é organizado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República.
De acordo com o responsável pela pesquisa, Renato Meirelles, o potencial de consumo engloba, além da renda, os benefícios, como 13º salário e férias, além do crédito a que as pessoas da classe C têm acesso.
A redução da pobreza e o crescimento vertiginoso da classe média nos últimos anos obrigam o Brasil a repensar suas políticas públicas para responder às novas demandas e permitir que os milhões de brasileiros que enriqueceram continuem a trajetória ascendente. A opinião é de Ricardo Paes de Barros, subsecretário da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), da Presidência.
'Boa parte da classe média é formada por pessoas que saíram da pobreza e que, portanto, chegam ao grupo muito ávidas por novas oportunidades. Eles são o motorzinho do crescimento brasileiro e impõem um grande desafio para as políticas públicas', disse Paes de Barros à BBC Brasil.
Segundo o subsecretário, o crescimento da classe média, que de 40% da população em 2003 passou a 52% em 2009, exige ajustes nas políticas macroeconômicas, de educação, cultura, crédito e saúde.
'Todos têm que entender que Brasil passou por mudanças grandes, e o problema dessa situação é que as políticas públicas também têm de mudar rapidamente', afirma.
Ele diz que o grupo, composto por 100 milhões de pessoas, é 'incrivelmente heterogêneo' e continuará crescendo nos próximos anos.
Diversificação
De acordo com Paes de Barro, trata-se de uma camada preocupada com educação, cultura, saúde e cuidados pessoais. Para atender o grupo, ele diz que é preciso diversificar os mercados nessas áreas e regular o setor de planos de saúde.
Ainda segundo o subsecretário, dada a alta participação do grupo entre os brasileiros com carteira assinada (68%), seria necessário melhorar a qualidade do emprego formal.
O subsecretário também afirma que parte desta camada pode ascender por meio de empreendimentos privados.
'Devidamente apoiada, a capacidade de empreendimento na classe média pode levar uma parcela grande à classe alta, mesmo que não tenham tido escolaridade'.
Ele afirma, no entanto, que sem os devidos cuidados, a ascensão do grupo pode gerar problemas para as finanças do país.
'Sabemos que, se dermos crédito pouco regulamentado ao grupo, podemos gerar um endividamento alto. E que, se eles resolverem demandar produtos para os quais não há oferta, podem gerar inflação'.
G1.com.br
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